Por: Aldiéres Silva
Após os 30 anos de idade muitos que curtem festas começam a tirar o pé delas, já outros ainda queimam muitas calorias com emendas entre uma curtição e outra vivenciando nas pistas sensações e experiências incríveis. Você já foi em um after hours ou sunset party? Assim de nome talvez vocês desconheçam mas na prática certamente devem ter curtido.
Os primeiros registros de After Hours surgiram nos Estados Unidos e na Europa. Festas que começam a partir das 03:00 da manhã, outras as 05:00 e em determinadas situações as 07:00. Duram até 12:00, 14:00 e em alguns casos duram o dia inteiro e vai até umas 18:00 ou 19:00 (Ufa). Será que é possível ter fôlego estando limpo para curtir assim ininterruptamente? Nesses eventos a entrada ocorre de forma estendida e os que emendam, os chamados “inimigos do fim” no máximo aguentam até um determinado horário. Muitos utilizam-se de entorpecentes sintéticos para aguentar (NÃO RECOMENDO ESTRAGAR A SAÚDE COM ESSAS SUBSTÂNCIAS ALUCINÓGENAS) porém os adeptos de métodos mais limpos geralmente chegam pela manhã e conseguem curtir até o final.
Conforme registros do portal Vice, antes mesmo da cena Techno ser solidificada durante a década de 1960, em Londres surgiam os primeiros After Hours, que na tradução literal significa após o horário. Esse movimento começou quando músicos e artistas criaram o costume de se reunir para beber e relaxar depois dos shows e eventos que faziam. Era o momento que o público retornava para casa, e o agito particular dessa desses artistas começavam. Na década seguinte o costume evoluiu para eventos propriamente ditos. Isso rolou em Nova Iorque. Nas décadas de 1980 e 1990 ocorreram explosões de clubs e festas que promoviam after parties, destacando-se locais como Paradise Garage, Sound Factory (Ambos em Nova Iorque) e o Ministry of Sound e o Trade (Ambos em Londres). Essas festas originavam-se muitas vezes durante a madrugada de sábado e estendiam-se até as 14h do domingo.
No Brasil, mais precisamente em São Paulo, essa história toda nasceu no Espaço Columbia em julho de 1994. Um dos proprietários do Columbia na época, convidou o DJ Pil Marques para lançar um after hours. Ele já havia identificado que a tendência estava em alta lá fora e precisava de um insider do underground para emplacar a ideia por aqui. Foi encontrado na figura do então promoter Pil Marques, que divulgava as festas Psychoparty, o personagem ideal para fazer virar o projeto, que ganhou o nome de Hell’s Club. Grande parte do êxito do after se deve à residência do DJ Mau Mau no Hell’s. Foram as suas discotecagens que ajudaram a direcionar o público para as principais vertentes da música eletrônica que estavam pegando naqueles tempos.
Com o passar dos anos foi fomentado esse conceito. Atualmente os projetos notáveis desse estilo são: SuperAfter com muito House, Techno e Nu Disco no D-Edge Club, inciando as atividades as 05:00 e finalizando as 12:00 do domingo (Esse vou com uma certa regularidade e amo muito!) temos o mais recente Santo After, idealizado pelos projetos Sultech e Sulburbass no Santa Breja Bar na Zona Sul de São Paulo (Região do Capão Redondo) onde rola muito hard techno e há o After Sunset do Abstrato Club, que começa as 06:00 e vai até umas 19:00 que predomina algumas vertentes da música eletrônica, porém com foco no techno na região da Vila Leopoldina. Em Sorocaba entre 2018-2019 houve uma tentativa de existir um after hours no bairro do campolim. Ocorria no Beats Club com início as 04:00 da manhã. Em Itapetininga, não conheço nenhum projeto nesse sentido na cidade. Se no passado existiu, vamos dialogar para trocarmos figurinhas, afinal se havia, não deixa de fazer parte da história da noite local.
Agora vamos destrinchar sobre as sunset parties. Essas são mais fáceis de serem identificadas. Aqui em Itapetininga já tive o privilégio estar presente em algumas. A tradução de sunset party refere-se a festa do por do sol, ou seja, festas que ocorrem a tarde e estende-se até a noite. Geralmente começa entre as 14:00 às 17:00 e finaliza entre 22:00 às 02:00 (Dependendo do horário que iniciou a festa). Esse movimento também iniciou fora do Brasil. As Sunsets são muito mais descontraídas, realizadas em lugares onde é possível conversar. Esses rolês mais diurnos oferecem qualidade e fazem o dia parecer mais longo, ao som de música eletrônica e outros estilos musicais também.
O movimento surgiu na Europa e nos Estados Unidos. O conceito de sunset party consiste em realizar uma festa tão badalada como as que acontecem pela noite, mas em um ambiente mais descolado e descontraído, com início à tarde e fim no começo da noite, no horário em que normalmente se está saindo de casa para algum lugar. Em geral, as festas são realizadas em lugares abertos e a transição da luz do dia para a noite dá uma sensação de mudança cronológica bem interessante durante a festa, diferentemente das casas noturnas fechadas, conforme relatos do portal eletromusica.
As sunset dão muito certo no domingo. É possível aproveitar uma festa e ainda garantir uma boa noite de sono para trabalhar na segunda-feira. Mas no caso de serem realizadas nos outros dias, como no sábado, ainda é possível prolongar a diversão saindo de uma festa e indo para outra tradicional, que irá acabar na madrugada.
Na última década houve uma explosão de projetos sunset. Em São Paulo, destacam-se o After do Teixeira (Predominantemente House e Techno), Lote (House, Disco e demais vertentes eletrônicas), GB Drinks (Diversas vertentes, destacando-se os projetos: Tá loka meu bem, Culture 80, Smash House, Electronic Beats, Promo Audio, Good Vibes, Underground Connection, Djs Fest Clubbers, dentre outros). Bar do Prato (Hip Hop, Original Funk, Disco, R&B), Jazz Café Bourbon Street (Jazz, Smooth Jazz, Swing Jazz, Latin Jazz), Azúcar Club Cubano (Salsa, Merengue, Reggaeton, Cumbia, Vallenato), Tokyo Club (Destacando-se o projeto SAMBA DO SOL)… Como viram há uma infinidade de opções para curtir de dia, sem contar possíveis raves, festivais diversos e etc.
Em Sorocaba há o recém lançado quintal eletrônico voltado para uma linha mais comercial do house e esporadicamente o recém aberto Obliqo no Campolim teve um evento enaltecendo a cultura do toca disco e a black music em sua varanda, com muito soul, r&b, disco, original funk, boogie e grooves. Antes da crise sanitária global havia um projeto eletrônico no terraço do shopping Iguatemi Esplanada, denominado Rooftop Graden, hoje estão no terraço do Jack Pub, no mesmo bairro porém nos horários habituais da agitação, ou seja, noite estendendo-se à madrugada.
Em Itapetininga os projetos que conheci e foram de grande valia são o House Garden Sunset que contou com DJ Internacional na cidade e nomes que estão no mainstream da cena, caso do DJ Glen e também o San Junipero, antes do fechamento do estabelecimento na cidade. O estabelecimento em questão foi já mencionado em artigo anterior, o Brothers Pub Lounge.
… Esperamos que esse cenário atual mude, com artistas mostrando verdade nos seus trabalhos e projetos sendo levado a sério aqui, com profissionalismo ao qual a cena exige, assim como ocorre em outras praças não muito distantes daqui. Até a próxima.