Em 29 de outubro, o Brasil celebra o Dia Nacional do Livro, uma data que homenageia a fundação da Biblioteca Nacional, em 1810, no Rio de Janeiro, um dos maiores acervos bibliográficos da América Latina. Este dia, além de reforçar a importância dos livros e da leitura, inspira a valorização da literatura como um registro cultural e histórico do nosso país.
Para ilustrar o cenário literário atual, conversamos com dois autores de Itapetininga que têm se destacado em preservar a cultura e literatura local: Jorge Paunovic, autor do livro O Danúbio Vermelho, e Walkiria Paunovic, que lançará em breve Museu Carlos Ayres e sua História. Ambos compartilharam um pouco de suas trajetórias, inspirações.
Trajetória Literária e Inspirações
Jorge Paunovic contou que começou na escrita por convite para colunas semanais em jornais, que logo evoluiu para o desejo de escrever sobre temas mais profundos, como os horrores da guerra e o sofrimento humano. Segundo ele, seu processo criativo é alimentado pelo dia a dia e pelo que observa no mundo: “A inspiração vem do que está ocorrendo no mundo na atualidade”. Para ele, a literatura é essencial ao desenvolvimento pessoal e cultural, pois amplia o conhecimento sobre costumes, gastronomia e história de um povo, formando uma sociedade mais informada e consciente.
Walkiria Paunovic também reforçou seu amor pela história e pela pesquisa. Convidada a integrar a Academia Itapetiningana de Letras, ela se dedicou a estudar a história local e o acervo do Museu Carlos Ayres. Seu trabalho explora as histórias de artistas brasileiros e sua influência na arte nacional, o que resultou em seu livro, que será lançado em novembro. “Um povo com cultura é mais feliz, e a literatura é uma ferramenta fundamental na formação de pessoas com ideias próprias”, disse ela.
Desafios e o Papel da Literatura Local
Sobre o cenário literário em Itapetininga e no Brasil, Jorge Paunovic pontua a necessidade de mais incentivo para novos escritores, principalmente nas escolas. Embora existam leis de incentivo, ele considera que o acesso ainda é limitado, o que torna a publicação de obras e sua divulgação um grande desafio para escritores locais. “Falta divulgação e incentivo”, afirmou, defendendo que a criação de projetos nas escolas ajudaria a estimular a leitura e a escrita desde cedo.
Walkiria, por sua vez, destacou o trabalho da Academia Itapetiningana de Letras, que vem promovendo concursos e eventos, como a Feira Literária Nhô Bentico e Teddy Vieira, que ocorrerá no próximo 9 de novembro. “A literatura registra verdadeiras histórias de uma cidade e seus costumes”, diz, evidenciando a importância de preservar a memória cultural local através dos livros.
A Literatura na Era Digital
Ambos os autores reconhecem que a tecnologia transformou a forma como a literatura é consumida, com o advento dos e-books e conteúdos online, mas ainda valorizam o livro físico. Para Jorge, a leitura digital ainda é pouco popular no Brasil, onde o público prefere o livro impresso. Walkiria acrescenta que, mesmo com o avanço digital, o livro físico continua atraindo um grande público, como visto na Bienal do Livro.
O Dia Nacional do Livro, portanto, não é apenas uma homenagem aos livros e à leitura, mas também uma reflexão sobre a preservação da memória e da cultura brasileira através das páginas impressas ou digitais. Como diz Jorge, o papel do escritor é “deixar para a posteridade a história de nossa cidade”, missão que ele e Walkiria assumiram com paixão e compromisso.