Por: Gabriel Montenegro, professor e psicólogo
Completaremos 15 anos em 2025 desde que o Brasil enfrentava a ansiedade da convocação da Copa de 2010, onde a expectativa girava em torno de dois jovens que poderiam estar na lista final, esses jovens à época eram Neymar e Paulo Henrique o “Ganso”, naquele momento o Santos era o time do momento e essas dois jogadores eram destaques daquele time que encantava o futebol brasileiro. Sem dúvidas ambos os dois eram os melhores em suas posições e fariam muito bem o seu papel se fossem convocados naquele momento. O tempo passou Neymar foi a copa de 2014, 2018, 2022 e ainda temos a esperança de ele ser um bom protagonista na Copa do ano que vem, sendo nosso principal craque. Porém seu “parça” de 2010 PH Ganso, não seguiu o mesmo caminho de glórias, sofreu com muitas lesões e se tornou um jogador que oscilou entre muitos altos e baixos na carreira, e hoje é um excelente jogador mas que apenas soma e não se destaca o tempo todo.
Deixando o futebol de lado agora, vamos pensar sobre ser o melhor em nossas vidas, talvez você tenha se deparado em algum momento de sua jornada até aqui com a ideia de dar ou fazer sempre o seu melhor, na escola seu objetivo a cada prova ou cada resultado de média bimestral era sempre 10, no trabalho podem existir metas a serem batidas, melhor mãe do mundo e assim por diante, somos constantemente alertados a necessidade de sermos melhor sempre, sem entrar no mérito dos padrões de corpo, financeiro ou de equilíbrio emocional. Mas como é ser de fato o melhor? Quem pode nos dar esse título de ser o melhor? Afinal, segundo Jean-Jacques Rousseau¹ ninguém é bom juiz de si mesmo, então seria nossa própria decisão de ser o melhor, realmente o melhor que podemos oferecer? Quando algum aluno ou paciente chega em mim e diz, “Você é o melhor professor que já tive, o melhor psicólogo do mundo”, o que fazer com isso e quem trás essa garantia?
Enquanto seres humanos temos muitas necessidades, mas quero destacar três, e dar luz a uma, temos a necessidade de autonomia, competência e pertencimento. Dando luz a ideia de competência (e prometendo um dia escrever sobre as outras duas necessidades), ser competente em algo é trazer a ideia de que você e eu damos conta de uma condição, mesmo que você não se sinta importante ou capaz, entenda que você reúne estruturas para tanto, mas não para tudo, ou seja, existem situações que realmente não estão prontas para serem respondidas agora, mas, as que são de sua possibilidade faça seu papel e entregue sua energia para tanto. O pintor francês Nicolau Poussin² dizia: “O que vale a pena ser feito vale a pena ser bem feito”, por assim dizer, aquilo que é seu e precisa ser resolvido, resolva. Se importe com suas questões valorize suas ações, seja o seu melhor, dentro daquilo que seja seu. Dê a oportunidade de reconhecer o que seja seu, e o que te compete, a competência é um aperfeiçoamento da vida, se você se reconhece como pessoa, naturalmente se compromete em competir com você mesmo, e nessa disputa você sempre sai vencedor, a competência é coroa da sua jornada de falhas, que são naturais mas são parte de você e de mim. Podemos não manter a excelência ou ser o melhor em tudo e tá tudo bem. Mesmo com as lesões no meio do caminho, mesmo com tudo que nos atravessa nunca deixe de saber que você é o melhor e tem o melhor para se oferecer. Você merece o seu melhor! Você é o seu melhor, então seja.