Por: Flavinho Abreu
Quando comecei no triatlon, vindo de uma trajetória de mais de 20 anos na natação (embora com uma pausa longa no meio), ouvi muita gente comentar sobre a importância de uma boa saída da água para o resto da prova. Afinal, depois da natação, ainda temos a transição para a bike e, em seguida, a corrida. Controlar o gasto de energia durante a natação é essencial para conseguir desenvolver um bom desempenho no ciclismo e ter fôlego para a corrida final.
No entanto, algo que percebo frequentemente é que muitos atletas acabam subestimando essa primeira etapa, focando mais na corrida ou na bike. Não é exatamente um menosprezo, mas parece que a natação fica em segundo plano para alguns. Isso é um erro que vejo ter um custo alto. Nas provas de Ironman 70.3 que completei, já presenciei muitos atletas saírem da água desgastados, o que compromete a performance no ciclismo e, eventualmente, a conclusão da prova.
Esse fim de semana, participei da travessia de 4.000 metros em Ilha Bela, um treino importante para o Ironman Full que farei. A experiência reforçou ainda mais essa percepção: quem tem a natação como foco ou como especialidade está geralmente mais preparado para enfrentar provas longas. A natação não deve ser vista apenas como uma etapa para “cumprir” no triatlo, mas como uma base sólida que pode garantir uma prova equilibrada.
Acredito que a chave está em dar à natação o valor que ela merece, sabendo que cada segundo ganho ou cada energia poupada na água impacta o desempenho no restante da prova. Afinal, triatlo é, acima de tudo, uma prova de resistência, e ela começa dentro da água.