Por: Gabriel Montenegro, professor e psicólogo
Theo Becker, Tiazinha, o irmão de Michel Teló, Pepê e Nenê, Geisy Arruda, Deolane, o macaco do Latino, o namorado atual da Larissa Manoela, o ex do ex do atual do ex de De Férias com o Ex, a gêmea de Gisele Bündchen, Márcia Sensitiva, Antônia Fontenelle e até o bebê da Viih Tube. Todos esses nomes fazem parte de uma lista de personalidades que, de alguma forma, ganharam visibilidade e, em muitos casos, fama, sem que ninguém possa explicar ao certo como chegaram lá. A maioria foi alçada ao status de celebridade por eventos fúteis ou circunstâncias banais, mas hoje, curiosamente, ocupam a posição de influenciadores de massa. Contrastando com grandes artistas como Anitta, que construiu sua fama por mérito musical, é inevitável notar incoerências até mesmo nas figuras de maior destaque. Um exemplo claro foi a cantora ser garota-propaganda da Samsung e ser flagrada publicamente usando um iPhone. Essa contradição evidencia que, muitas vezes, o que é vendido ao público não condiz com a realidade vivida pelos próprios influenciadores.
A crescente exposição desses estilos de vida irreais tem impacto direto sobre como enxergamos o mundo e a nós mesmos. Como bem apontado por críticos desse fenômeno, é crucial que as figuras públicas, especialmente os influenciadores digitais, mostrem a realidade em vez de perpetuar ilusões que distorcem as expectativas de seus seguidores. Contudo, a verdade é que, enquanto houver ganhos financeiros envolvidos, a autenticidade se torna uma moeda rara. Jovens e adolescentes, expostos a esse bombardeio de vidas aparentemente perfeitas, acabam absorvendo uma visão rasa e superficial da vida, desejando alcançar o mesmo “sucesso” a qualquer custo, sem perceber que o conteúdo que consomem é uma ficção bem maquiada.
A banalização da futilidade é um reflexo de uma cultura que incentiva o efêmero e o supérfluo, enquanto questões essenciais para o crescimento humano são negligenciadas. Não se trata de demonizar a futilidade em si, afinal, todos temos nossos momentos de superficialidade, e isso faz parte da experiência humana. O problema está na sua elevação a um patamar de ideal de vida. Vemos uma enxurrada de postagens e vídeos que promovem um estilo de vida vazio e desprovido de significado, onde o valor está na ostentação e não na essência. É triste testemunhar a normalização disso, especialmente quando refletimos sobre o impacto em crianças e adolescentes em formação.
Esse ciclo vicioso nos leva a uma busca incessante por viver uma vida que não é nossa, tentando ostentar conquistas que nunca foram alcançadas e buscando validação em ações ou bens alheios. Essa cultura do “parecer ser” cria um abismo emocional, colocando as pessoas em uma constante comparação com realidades irreais. A influência da superficialidade não apenas nos desconecta de quem realmente somos, mas também nos torna insensíveis às necessidades dos outros e às questões que realmente importam na sociedade.
Por mais clichê que pareça, resgatar a simplicidade é um ato revolucionário em tempos de vidas de aparência. Não há problema em gostar do básico, em viver de forma menos espetacular e mais verdadeira. A felicidade não está nos padrões impostos pelos influenciadores, mas sim em descobrir e valorizar o que realmente faz sentido para cada um de nós, a ideia de saber quais são as áreas do coração. Como já diria alguém que fala bastante e sobre coisas importantes: “Fazer o que gosta te dá uns anos a mais de vida, sabia?”
Em vez de buscar validação em um mundo de ilusões, que tal abraçar aquilo que traz alegria genuína e significado? Não precisamos de filtros ou aprovações para sermos felizes. A vida tem mais a oferecer quando somos fieis ao que realmente amamos e ao que nos conecta com nossa essência. Rebusquemos o simples, o real e o autêntico. Isso, sim, é uma influência que vale a pena seguir.