Em Itapetininga, um artista visual uni reciclagem e arte em suas criações. Luiz Ernani Brasile Filho encontrou no reaproveitamento de materiais uma forma inovadora de expressar sua paixão pelo grafite e pelo skate, transformando madeira reciclada em verdadeiras obras de arte.
“Como eu faço grafite e andava de skate, meio que uni os dois elementos em uma arte não convencional”, explica o artista. Sua inspiração vem diretamente desses universos, pois sempre conviveu com essas linguagens e culturas urbanas.
O processo criativo das peças começa com a coleta de MDF em pontos de reciclagem. Após recolher o material, Brasile trabalha a madeira para dar a aparência de um shape de skate e, em seguida, aplica o grafite no lugar do tradicional silk. “As peças falam muito sobre skate e grafite, e não se vê muita arte relacionada a essa cultura”, destaca.
O diferencial de seu trabalho está justamente na inovação e na fuga do convencional. “O que diferencia minhas peças é esse lance de trazer novidades nas criações”, afirma. Para divulgar sua arte, ele tem marcado presença em campeonatos de skate, onde expõe suas obras e recebe um retorno positivo do público, que se identifica com sua linguagem.
Além do trabalho com madeira reciclada, Brasile também atua no muralismo, embora esse segmento dependa de patrocínios e leis de incentivo devido ao alto custo dos projetos. “Adoro fazer muralismo, mas não é sempre que tem oportunidade”, lamenta.
A arte também se conecta ao seu engajamento social. Ele acredita no impacto transformador dos projetos culturais em comunidades carentes, embora reconheça a falta de apoiadores. “Sempre que aparece uma oportunidade, eu estou lá, porque sei da importância desse tipo de ação nas quebradas”, ressalta.
Formado em Artes, Brasile já deu aulas em escolas públicas e teve experiências marcantes com projetos culturais. Em uma dessas iniciativas, organizou um evento de hip hop dentro da escola, onde alunos grafitavam e rimavam ao mesmo tempo. “Foi sensacional ver o poder de transformação da arte. Isso me motiva e me faz sentir a obrigação de passar esse conhecimento adiante”, conclui o artista.