No Dia Internacional da Música, celebrado em 1º de outubro, homenageamos artistas que se dedicam a fazer da música um instrumento de transformação. Uma dessas histórias vem de Itapetininga, onde a cantora Adriana Andrade Vaz, de 30 anos, divide sua paixão entre a música e o trabalho autônomo em vendas. Nascida em uma família com poucos recursos e sendo a única dos dez irmãos a seguir o caminho da arte.
Desde pequena, a música esteve presente em sua vida como uma força. “Eu nunca quis ser outra coisa, além de ser cantora. Apesar de não ter nenhuma influência musical dentro de casa, eu sabia que a música era o meu destino”, relembra Vaz. Criada em uma área rural, com um pai semi-alfabetizado e uma mãe sem educação formal, ela enfrentou dificuldades para seguir seus sonhos. “Meus pais não podiam investir na minha carreira, e naquela época, ser músico não era visto como profissão para filhos de trabalhadores rurais.”
Conciliar o amor pela música com as responsabilidades familiares e o trabalho autônomo não foi tarefa fácil. “Sou mãe de duas meninas e, por isso, comecei a trabalhar com vendas, o que me permite estar perto delas. Ao mesmo tempo, sigo fazendo shows e eventos sempre que posso”, conta a cantora, que acredita que ser artista é muito mais do que cantar: é também ser mãe, dona de casa, esposa e trabalhadora.
Os desafios foram muitos, especialmente por ser mulher e não ter uma formação musical formal. “Meu maior obstáculo foi entrar no meio musical sem uma bagagem ou indicação. A falta de reconhecimento e visibilidade torna o caminho mais árduo”, explica. Mesmo assim, ela persiste, movida pela inspiração que vem do pai, que mesmo sem ser músico, adorava música e sempre incentivou suas filhas a buscarem o que amavam.
Apesar das adversidades, Vaz sonha grande. Ela deseja, em cinco anos, ter seus próprios equipamentos, fazer shows regularmente e viver exclusivamente da música. “Meu sonho não é ser famosa, mas poder cantar para 10 ou 10 mil pessoas com a mesma felicidade e gratidão”, reflete.
No cenário local, a cantora lamenta a falta de valorização dos músicos de Itapetininga, que muitas vezes precisam buscar oportunidades em outras cidades. “Muitos contratantes preferem músicos de fora, enquanto aqui o cachê não cobre nem os custos básicos de um show”, critica.
Para Vaz, a música é mais do que um trabalho: é uma forma de tocar vidas, como fez com seu pai, que, mesmo acometido por problemas neurológicos, nunca esqueceu suas canções favoritas. “A música vai além de mim. Ela é mágica, e um dia sonho em levar essa mágica para pessoas com necessidades especiais”, conclui a cantora, que continua sua jornada com fé e perseverança.