Por: Aldiéres Silva
Muitos se perdem altas horas com as batidas ecoadas de clubs, raves ou festivais… Ali para entreter e emocionar o público há o (a) DJ selecionando as melhores opções e exibindo suas técnicas para alçar a euforia que muitos buscam quando saem a noite para se divertir… Muitos em busca de opções como a música eletrônica, Hip Hop, Reggae, Rock, Brasilidades (Em ascensão nos últimos anos) e demais gêneros e vertentes. Como surgiu esse universo?
Há duas frentes por trás. Na black music com a contribuição e pionerismo do jamaicano Koll Herc e o seu reggae envolvente do país caribenho. Ele é considerado um dos percursores da cultura hip hop, legado levado adiando com o americano Grandmaster Flash e artistas do Turntublism, como seu compatriota Cash Money (Vencedor nos anos 80 do campeonato mundial DMC WORLD). O hip hop não resume-se apenas em música, mas dança (estilos Locking, popping, breaking e krumping), Gratife e o MC (Mestre de Cerimônias) compõe esse universo. O próprio RAP está inserido na cultura hip hop, junto ao todo universo black que engloba Jazz, Blues, Soul, R&B, Funk (Original) e Disco. Certamente o legado deixado por esses profissionais são observados nos dias atuais em todo mundo, sendo que no mês de novembro, mundialmente é comemorado o dia do hip hop em 12 de Novembro.
Também em 12 de Novembro é o aniversário do DJ RS Jay. DJ e Produtor de Eventos que teve nessa cultura a sua base para poder emocionar fãs em suas festas. Ele possui o projeto Let’s Dance em São Paulo, na Vila Madalena que ocorre trimestralmente. Lá é possível acompanhar hits Flash Back com forte influência da música negra e transportar-se no tempo com a sonoridade que o mesmo obteve. Bati um papo com ele sobre o assunto. Ele costuma vir à Itapetininga, por sinal amou a cidade e pensa seriamente em mudar-se para aqui.
Aldiéres Silva: O que te levou a seguir a carreira de DJ?
RS JAY: Tudo começou no ano de 1989, quando ganhei um pequeno rádio à pilhas, nesta época todas estações do FM tocavam os grandes sucessos daquele momento, no qual posso citar Simply Red, George Michael, Ricky Astley, Michael Jackson, Whitney Houston, Mc Hammer, George Benson e muitos outros mais…
Através do FM minha paixão por música foi imediata. Quando eu ia na casa das pessoas, sempre pegava os discos de vinil e ficava lendo toda ficha técnica e nome dos artistas.
Aos 16 anos comecei fazer festinhas no bairro, onde eu juntava toda vizinhança e ligava um aparelho de som na rua tocando os sucessos dos anos 70,80,90.
Todo meu interesse surgiu em uma antiga festa que acontecia no antigo Clube Hotel Cambridge, embora os DJs de lá eram limitados e fracos tecnicamente.
Cheguei ser funcionário dessa mesma festa por um curto período, notando um preconceito musical do gestor deste projeto, tomei à decisão de fazer o meu próprio projeto, mesmo sem experiência e muito menos um DJ Profissional.
Comecei tocando na noite apenas com um notebook e o software “Virtual DJ” onde eu era apenas um seletor musical, tendo que aturar preconceitos e hostilidade de alguns da velha guarda. Faz parte desse game (risos).
Então chegou um período da minha vida, onde passei me sentir limitado em apenas apertar PLAY/PAUSE nos meus sets.
Então comecei fazer uma longa pesquisa sobre a verdadeira cultura do Real DJ que comanda um par de TOCA DISCOS.
Dentro dessa pesquisa, achei um vídeo muito interessante de um dos pioneiros da Cultura Hip Hop no Brasil que foi o DJ Hum, neste vídeo ele participava do programa da Fátima Bernardes, ensinando algumas técnicas de mixagens usando dois discos.
Após ter assistido muitas e muitas vezes fui procurar suas redes sociais e acompanhar sua agenda de shows, então haveria uma data em um Baile Black na Vila Madalena. Juntei alguns colegas e fomos até este evento. Chegando lá foi uma identificação imediata, vários DJs estavam tocando ali eu tomei um choque de realidade em que eu estava longe de ser um Real DJ. Quando pude assistir tudo aquilo AO VIVO e ouvir aquelas mixagens todas feitas nos Toca Discos foi algo que me encantou. Com isso fui buscar fazer um curso profissional na Casa do Hip Hop em Diadema.
Desde então, comprei os meus equipamentos e treino todos os dias uma diversidade de técnicas que dão um brilho a mais nos meus sets.
Aldiéres Silva: Como você enxerga o atual cena? Qual dica você tem a passar a quem pretende seguir na área?
RS JAY: A cena atual posso citar nomes muito importantes como o atual campeão do DMC o DJ RAYLAN, que agora em outubro vai disputar o Campeonato MUNDIAL na França.
Por outro lado, vejo muitos DJs novos mais preocupados com aparência e equipamentos ao invés de fortalecer uma pesquisa musical onde possa entregar o melhor entretenimento para o público.
Para quem quer começar a prosperar nesse ramo, saiba que as dificuldades são das maiores que vai encontrar, acaso não esteja incluso neste movimento ou tenha algum padrinho artístico nesse ramo (que não foi o meu caso).
O DJs inicialmente antes de tudo, é ser um bom ouvinte musical, pesquisador e assistir os verdadeiros profissionais, usando como fonte de laboratório para seu crescimento.
Hoje com tamanha concorrência, o DJ tem como obrigação ser um bom empreendedor e
dominar as redes sociais para construir o seu público, aquele mesmo que vai pagar o ingresso do seu evento e te fazer crescer.
Também uma última dica importante, se apresentar como artista e não com militâncias, no qual pode deixar o seu público no singular e perder seus seguidores por conta de o opiniões contrárias.
AS: Quais seus estilos prediletos e referências na música e na noite em geral?
RJ: Meus estilos musicais prediletos está entre o Funk Disco dos anos 80 e o Hip Hop Old School, trazendo como referências DJ JAZZY JEFF, WHODINI, N.W.A, MC HAMMER, DR.DRE, PUBLIC ENEMY e dentre outros…
A primeira frente foi resumida e também explanada por RS JAY nesse breve bate papo. A outra é mais voltada a musica eletrônica. Os pioneiros dessas produções foram os alemães do Kraftwerk que influenciaram muitos estilos europeus entre as décadas de 1980 e 1990, desde o Rock à gêneros como House, Techno e Trance. E talvez também o Drum And Bass. Há subgêneros como o Synthpop que possui muita referência aos alemães de Dusseldorf e é nítido observar os sitetizadores acentuados nos sons de grupos como Depeche Mode e New Order.
Nos anos 1990 essa cultura foi mais evidente no mundo clubber e raves. Techno e House agitando as pistas nos clubs e o trance e Drum And Bass nas raves mundo a fora. A música eletrônica há muitas vertentes e misturas… Os pioneiros por isso vieram lá de trás, contribuindo para um legado maravilhoso.
Por fim encerro meu artigo parabenizando os Real Djs que levam a sério a profissão, que buscam sempre evoluir e tratam com profissionalismo suas festas e participações. O básico bem feito é um excelente início para um dia haver um certo reconhecimento. O que as vezes acaba “prostituindo” a cena são amadores que pouco se importam em estudar mergulharem em arrogância ou visam apenas o lucro e não a arte. O reflexo disso são eventos flopados e pouco criativos. Não é fácil! Em várias partes do mundo os eventos vem sofrendo impactos econômicos e culturais… Os que trabalham com amor e comprometimento sobresaem-se desses desafios… Até a próxima pessoal.