Por: Flavinho Abreu
Quando olhamos um atleta treinando para um Ironman Full, com volumes gigantescos de treinos semanais, é normal surgir a pergunta: “Por que tanto?”. Afinal, ver alguém pedalar 120 km na sexta-feira, correr uma hora na esteira e, no dia seguinte, voltar para um pedal de 140 km parece insano para quem está de fora. Mas tudo tem um porquê.
O triathlon não começa com grandes distâncias. Meu ciclo teve início lá em 2022, com provas de Sprint Triathlon, que consistem em 750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida. Esse é um formato rápido, intenso, que exige explosão. Mas, conforme o tempo passa, o corpo evolui, a resistência aumenta e os desafios também.
Ao subir para distâncias maiores, como o Ironman 70.3 (1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida), percebi que não era apenas a força física que precisava crescer, mas a capacidade do corpo de suportar a carga de treinos, a inflamação muscular e os períodos de recuperação. E essa evolução não é linear: tem dias bons e ruins, semanas em que o corpo responde bem e outras em que o cansaço extremo bate forte.
A nutrição e os hábitos fora do treino também fazem diferença. Pequenos erros, como uma alimentação desbalanceada, a falta de hidratação ou o excesso de álcool, podem resultar em desidratação, câimbras e uma queda brutal no desempenho. O aprendizado vem com os anos, com os acertos e os tropeços.
Agora, em 2025, a preparação para o Ironman Full exige um volume muito maior. A prova tem 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida e pode levar até 17 horas para ser completada. Passou disso, o atleta é desclassificado. Por isso, cada quilômetro rodado hoje, cada treino longo e cada ajuste na estratégia alimentar são essenciais para cruzar a linha de chegada.
E assim seguimos, sempre evoluindo, sempre aprendendo. O triathlon ensina que o corpo e a mente se adaptam aos desafios que colocamos diante deles. E eu estou aqui, encarando mais um ciclo, rumo ao meu maior objetivo.