Por: Gabriel Motenegro, professor e psicólogo
A escola tem por papel designar e agrupar um determinado tipo de conhecimento ou conteúdo para reproduzir aos alunos. Talvez essa concepção seja muito simplista para esclarecer o papel da escola, uma vez que essa instituição é tão importante para o desenvolvimento da sociedade. A escola é em seu sentido amplo muito mais que apenas uma replicadora de conhecimento, ela é base da sociedade e um componente essencial no desenvolvimento do ser social.
Entendemos que a socialização primária, isto é, os primeiros passos de socialização humana se dão em ambientes familiares, dando razão a famosa frase “educação vem de casa”, mas por vezes o papel social da família se perde e fica por responsabilidade da escola mesmo que não sendo seu principal papel de ensinar um desenvolvimento educativo comportamental ao aluno. Boas maneiras e compreensão do universo daquele que é diferente se tonaram práticas recorrentes nas relações escolares. Assim, entender o que é deficiência e como lidar com a mesma ganham espaço no ambiente escolar. Quando uma criança recebe o diagnóstico de deficiência ou é acometida por uma, a família sente um peso social em saber como lidar com aquilo que é diferente da grande maioria, gerando assim desafios a serem superados. Mas na escola onde essa dimensão do saber lidar que a perspectiva muda, uma vez que no ambiente familiar a criança recebe um suporte direcionado, específico e detém atenções por maior período. Quando agora a criança faz parte de um ambiente totalmente múltiplo com tantas histórias e pessoas, a visão exclusiva precisa ganhar o tom de inclusiva.
Incluir um aluno com deficiência, seja a deficiência que for, não é algo simples. Os preconceitos sociais gerados são inúmeros, a ideia de que o deficiente não tem capacidades ainda permeia uma sociedade que se faz ignorante sobre aquilo que é diferente de um dito normal. Por isso a escola e seus colaboradores precisam entender o papel que desempenham para garantir a educação em sua totalidade ao aluno deficiente. Professores precisam compreender que não há limites para o melhor atender seus alunos, gestores em promover espaços de inclusão, políticos em garantir leis que deem suporte para os alunos em sala, (garantia de professores tutores, professores tradutores, materiais em braile, cuidadores etc). Mas sem dúvidas, o grande desafio da educação é trazer ao palco da escola, atores da educação capazes de gerar empatia com o diferente. Educar uma geração de alunos que ame, que entenda e viva com a diferença como parte da sociedade e parte das relações cotidianas, pois assim e somente assim, empatia e esforço que a educação inclusiva ganhará forças, e o especial será aceito e vivido.