Por: Aldiéres Silva
Duas icônicas instituições reconhecidas internacionalmente que avaliam o nível de determinado DJ na cena. Enquanto a revista DJ Mag é especializada na música eletrônica e anualmente divulga sua lista dos 100 melhores djs do mundo através de eleição popular global, assim como de festivais e clubs, o DMC promove 1 vez por ano batalhas de djs da cena hip hop com muito scratch, performance e rotinas bem detalhadas que são julgadas por um juri técnico que determinam o campeão da edição. Qual possui mais relevância?
A DJ Mag surgiu em 1991 após reestruturação da então Disc Jockey Magazine, uma revista voltada a DJs e entusiastas. Desde seu início após a alteração de nome, editores anualmente elegiam os melhores djs do ano. Com o passar dos anos a cena eletrônica passou por transformações significativas e viu o auge do House, Techno e a consolidação do Trance e do Drum And Bass durante esse período. A revista possui edições regionais, incluindo Reino Unido (sede da revista), Estados Unidos, Espanha, França, Itália, América Latina, China, Coreia do Sul, Brunei, Indonésia, Índia, Sri Lanka, Omã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Alemanha, Canadá, Rússia, Brasil, Belarus e Holanda. No ano 2000 foi lançado sua versão online para todo o mundo.
Em relação as enquetes globais, a TOP 100 DJ Poll atrai uma quantidade significativa de votantes anualmente, ao qual estima-se que uns 10 milhões de amantes da música eletrônica visualizam os resultados quando divulgados pela empresa em suas mídias sociais. O TOP 100 Clubs Poll determina os melhores clubs do mundo. Inicialmente apenas DJs poderiam votar, porém em 2010 esse processo foi aberto ao público geral. Na eleição destinada aos melhores djs, houve o aumento de visibilidade de lendas como os britânicos Carl Cox (Techno) e Paul Oakenfold (Trance), os holandeses Tiësto (Trance) e Armin Van Buuren (Trance), o alemão Paul Van Dyk (Trance) e o francês David Guetta (Open Format – Comercial). No último sábado o eleito melhor dj do ano foi o holandês Martin Garrix (Big Room). Com o tempo o Brasil gradualmente veio compor a lista, na sequência em 2024 Alok (4º), Vintage Culture (9º), o sorocabano Mochakk (61º), o projeto Dubdogz (62º), os cariocas do Cat Dealers (77º) e por fim Liu (79º) estiveram presentes na lista.
Quando nos referimos a Clubs o Brasil é bem representado também. Atualmente o melhor Club do mundo, segundo a publicação inglesa é o HI Ibiza, situado na ilha de mesmo nome. A seguir a lista de clubs brasileiros que compõe a seleta lista dos 100 melhores clubs do mundo, conforme escolha em 2024 foram: Green Valley de Camboriu SC (2º), Laroc Club de Valinhos SP (9º), Surreal Park de Camboriu SC (23º), Warung Beach Club de Itajaí SC (35º) (Esse que sofreu com incêndio em suas estruturas em 2023 e recuperou-se com resiliência do fato) e o D-EDGE de São Paulo – SP (51º). A melhor colocação do D-Edge foi em 2009 quando chegou a 9ª posição no período que as escolhas eram estritamente feitas por djs. Na década passada o Club Green Valley já foi eleito por anos consecutivos como o melhor club do mundo.
Em relação a festivais as escolhas são recentes. Em 2019 o Rock In Rio foi o representante brasileiro na lista (34º), sendo liderado pelo evento belga Tomorrowland. Nos anos retrasado, ano passado quanto esse ano os escolhidos pelo público foi novamente o Tomorrowland Bélgica como o melhor festival do mundo. O Brasil ficou representado em 2022 pela versão nacional do Lollapalooza (49º) e do Time Warp (97º). Ano passado o Lollapalooza Brasil voltou a lista (46º). Já em 2024 o Brasil não foi representado por nenhum festival (Durante a crise sanitária global não houveram escolhas para a elegibilidade dos festivais).
Agora indo em direção aos amantes do hip hop venho contar um pouco sobre o DMC. Nesse sábado, assim como houve a divulgação da lista dos 100 melhores DJS, segundo a eleição da DJ MAG, houve a batalha de djs em Paris que escolheu os melhores djs do planeta. DMC vem de Disco Mix Club e é a responsável pela organização do evento. A competição foi iniciada no ano de 1985. Aos artistas são permitidos seis minutos para a apresentação de sua rotina (performance). Um dos maiores precursores foi o americano Cash Money que ajudou no desenvolvimento do transformer scratch no ano de 1988. Cada país possui sua eliminatória com versões nacionais do DMC para qualificar os djs para a disputa internacional. Além dos Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Alemanha, o Japão e o Brasil figuram como principais vencedores do torneio.
O que chama a atenção são as habilidades dos djs que realizam suas mixagens e scratchs com o canal aberto sem a necessidade de fones para pré escutas ou desenvolvimentos em canal fechado. O surreal e o inacreditável ocorre, afinal são exibidas técnicas oriundas de muito treino que inspiram jovens a seguirem na cultura DJ. Atualmente esse nicho está no underground onde é cultuado apenas por um público especializado, mas acredito que com o tempo volte a figurar como uma das principais atrações. Lembro que durante a década de 1990 a MTV Brasil já transmitiu essa competição aos seus telespectadores.
O Brasil possui como principais vencedores e competidores em sua versão nacional: DJ Marlboro, DJ Cuca, MC Jack, DJ RM, Erick Jay, DJ SouJazz e DJ Nino Leal. Desses atualmente Eric Jay é penta campeão mundial. No último sábado os brasileiros Shinpa e Raylan disputaram mais um título para o Brasil. Eles foram superados pelos djs Fly (França) e K-Swiss (Nova Zelândia), respectivamente nas modalidades Classic e Supremacia.
Quando mergulhamos fundo em determinadas filosofias nos encantamos, nos apaixonamos… Nada diferente o que ocorre na cultura DJ. Pude resumir um pouco da importância de sábado para a arte. Enquanto uma vertente escolheu os seus 100 melhores profissionais a outras mostrou no palco os melhores. Independente de gostos e estilos, cada um tem muito a contribuir para o fortalecimento da cena. Escolham qual vocês utilizarão para definir quem são os melhores artistas do mundo. Na minha ótica, cada uma tem sua significância e com isso ganham-se visibilidade e admiradores da arte, seja dos toca discos ou cdjs.