Com o objetivo de aprimorar as reflexões em pautas raciais, políticas e sociais, o Núcleo Traços Fortes, chega em Itapetininga, no próximo dia 8 de novembro, com o espetáculo “Vestígios de alguém que não pôde falar”, após o sucesso da estreia em Rio Claro. A peça teatral faz parte de uma duologia que narra a história ficcional de uma menina negra morta a caminho da escola por balas de policiais. Diante do acontecido, sua mãe enfrenta os desafios, medos e lutas para honrar a história de sua filha.
Em Itapetininga, o espetáculo será apresentado no Teatro do SESI-SP, nos dias 8,9,10,15,16 e 17, sexta e sábado, às 20h e aos domingos, às 18h. Com classificação indicativa de 14 anos, os ingressos são gratuitos e devem ser retirados no MEU SESI. As apresentações dos dias 8 e 9, terão acessibilidade em libras.
O espetáculo estreou com sucesso, em Rio Claro, reunindo um público de mais de 700 pessoas nos 8 dias de apresentações. Para o diretor do espetáculo Lucas Silveiras, o balanço da estreia foi especial. “Quando projetei a criação do espetáculo tinha como principal objetivo convocar o público a olhar com mais carinho e cuidado para vida de tantas crianças e mães negras do nosso Brasil. A estreia em Rio Claro foi uma confirmação desse objetivo. Ver mulheres negras saindo do teatro representadas, confiantes e acolhidas em suas vivências, não tem preço. A resposta do público foi mais do que especial. Sinto que o espetáculo mexeu com o coração das pessoas, além de provocá-las a agir em prol de um país menos violento e racista”.
A dramaturgia original é escrita por João Paulo Santos e Lucas Silveiras, atores, diretores de teatro e dramaturgos do Núcleo Traços Fortes. A história tem como inspiração os contos “Olhos D’água” e “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos” de Conceição Evaristo, além de trabalhar com fragmentos de fatos reais, principalmente, a morte de Marcos Vinícius, jovem negro de 14 anos atingido por policiais no Complexo da Maré, enquanto estava a caminho da escola. “O número de casos de crianças e jovens negros mortos durante operações policiais é alarmante e, o espetáculo Vestígios de alguém que não pôde falar nasce com o objetivo de evidenciar as pautas e lutas em prol da infância negra no Brasil. Trata-se de um movimento de encontro com esperança, de uma nação em que crianças negras sejam ouvidas e respeitadas”, destaca o diretor Lucas Silveiras.
“De que cor eram os olhos de minha filha?” .
Durante toda a apresentação, o público se depara com a pergunta latente e repetitiva que acompanha a caminhada da personagem ‘Mãe’ em busca por justiça pela morte de sua menina. Lembrar a cor dos olhos de alguém é eternizar na memória a história de quem amamos. O espetáculo é um convite para a reflexão sobre o luto que a violência urbana leva para muitas famílias, especialmente, as famílias negras. Como também uma homenagem a tantas mães que perderam seus filhos e seguem lutando com amor e força.
Para o diretor Lucas Silveiras, seguir em turnê pelo interior com o espetáculo é empolgante e ao mesmo tempo desafiador. “Nosso trabalho tem como principal característica a denúncia. É por meio do teatro que nós do Núcleo Traços Fortes reivindicamos pautas que consideramos urgentes, como a luta antirracista. E viajar pelo interior de São Paulo com uma peça que carrega um discurso tão profundo e necessário é extremamente empolgante. É acreditar que nossa mensagem alcançará ainda mais pessoas.”, conclui.