Itapetininga, tem ganhado destaque nacional como polo de histórias em quadrinhos (HQs). Recentemente, o cenário de quadrinhos local foi oficialmente reconhecido, e com projetos em plena produção e prêmios estaduais, a cidade começa a marcar sua presença na indústria de HQs. O escritor José Augusto Albuquerque de Barros, que integra a equipe da editora carioca HB Comics e é um dos principais representantes desse movimento cultural.
“É uma honra falar sobre as HQs e a cultura brasileira. Estamos desenvolvendo projetos de quadrinhos, tirinhas e charges há cerca de nove anos, e nos últimos dois anos, conseguimos especializar profissionais locais, promovendo cursos e estudos de cada etapa do processo de criação”, compartilha Barros. Ele e sua equipe, após serem aprovados em um rigoroso edital, foram convidados pela HB Comics, o que culminou no reconhecimento de Itapetininga como um polo oficial de quadrinhos em 19 de outubro.
O ambiente e a cultura local influenciam diretamente as histórias criadas. “Muitas das nossas HQs acontecem em Itapetininga ou retratam tradições do interior paulista”, explica o escritor. Uma das obras em produção, “Casa de Repouso Magistral”, aborda questões de cuidados aos idosos com um toque de super-heróis que lidam com a passagem do tempo e suas consequências. Esse foco nas histórias locais destaca temas únicos que, ao mesmo tempo, são universais e se conectam com o público.
O escritor também aponta o crescimento da comunidade de artistas, motivado pelo aumento da popularidade das adaptações de HQs para o cinema e a televisão. “Itapetininga tem muitos artistas para serem descobertos e lapidados. Como polo, queremos ajudar esses talentos a verem suas criações publicadas”, reforça José Augusto.
O impacto da criação local já pode ser sentido. Em 2022, o primeiro livro autoral do polo, Obscurum – As Faces do Sol, foi premiado e está em sua sexta tiragem. “Foi emocionante representar a cidade e o estado até mesmo em Pernambuco, onde recebi o prêmio Polímata”, compartilha o escritor, que foi imortalizado pela Academia Independente de Letras sob o nome de “Reciprocidade”. Barros também menciona que a editora HB Comics está concorrendo a uma final nacional com a trilogia Pajé na categoria de super-heróis e que quatro novas HQs estão em desenvolvimento para o próximo ano.
O escritor destaca que, embora o trabalho de criação seja solitário, há uma sólida rede de apoio entre os artistas do município. Projetos colaborativos, como a HQ Núcleon, têm sido um grande exemplo desse espírito de parceria. Ele acredita que, com o fortalecimento das redes de apoio e mais incentivos para os artistas locais, o futuro das HQs na cidade é promissor. “Já estamos na fase de realizar nossos sonhos, evitando que eles se tornem pesadelos pela frustração de nunca tentar”, conclui.
Com eventos culturais que reúnem fãs e artistas, como Geek IF e AnimeTec, Itapetininga também está criando oportunidades para que artistas e públicos possam se encontrar, expandindo a cena de HQs na região. Para novos escritores e ilustradores, Barros recomenda persistência e dedicação. “Especializem-se, experimentem, mostrem suas criações. Quem quiser, está convidado a conhecer nossos projetos e tomar um café em nossas sedes. Vamos desenvolver essa nona arte juntos.”