Em um universo onde a dança é frequentemente vista como uma expressão de talento inato, a itapetiningana Lais Gomes se destaca como uma prova viva de que a paixão podem superar todas as barreiras. Aos 16 anos, Gomes deu seus primeiros passos na dança em um projeto social perto de sua casa, um início considerado tarde para a maioria dos bailarinos. Crescida em uma família religiosa onde a dança era vista com certo ceticismo, ela teve a sorte de encontrar um espaço que respeitava suas crenças e a ajudava a transformar sua paixão em realidade.
“Eu sempre quis dançar, mas a visão da minha família era que a dança era algo ‘mundano’,” explica a bailarina. “Quando o projeto social abriu espaço para que eu pudesse começar, foi um verdadeiro presente. A professora era da mesma religião que a minha família, e isso ajudou a quebrar as barreiras.”
No início, os desafios foram muitos. A idade avançada para o início na dança e a falta de flexibilidade foram obstáculos físicos. Além disso, Gomes enfrentou a exclusão e a falta de oportunidades, comuns para aqueles que começam a dançar mais tarde. “Era frustrante sentir que eu era vista como uma perda de tempo para os professores. Muitos não acreditavam no meu potencial porque eu já estava ‘atrasada’,” conta ela.
Apesar dessas dificuldades, a bailarina encontrou uma escola que oferecia as oportunidades que procurava. Em um estúdio de dança, onde é atualmente aluna, ela encontrou um ambiente acolhedor e encorajador. “Todos nós temos a chance de competir e nos apresentar. Os professores investem tempo em cada um de nós, e isso faz toda a diferença.”
Ao longo dos anos, Gomes teve que enfrentar muitas pausas, sejam por questões financeiras ou por dificuldades de conciliar horários. No entanto, desistir nunca foi uma opção para ela. “Sempre soube que voltaria. A dança é parte de quem eu sou, e nunca imaginei abandonar essa paixão.”
A competição e a comparação são constantes, mas a bailarina aprendeu a não se deixar afetar por isso. “A dança é um ambiente de muita comparação, mas procuro manter o foco no meu próprio caminho. O reconhecimento e as conquistas são motivadores, mas o esforço e o estudo são essenciais.”
Entre suas maiores influências estão bailarinas renomadas como Ingrid Silva e Luiza Toledo, além de sua primeira professora, Giovana Cavalcanti, e sua atual diretora, Beatriz Almeida, que não só lhe ofereceu oportunidades, mas também se tornou uma amiga próxima. “Elas me mostraram que era possível superar os desafios e alcançar grandes coisas.”
Gomes já conquistou vários prêmios em festivais de dança, e cada conquista tem um valor especial para ela. “O último prêmio foi particularmente importante. Competir contra bailarinos de alto nível e me destacar foi uma experiência quase inacreditável,” diz com um sorriso. Esses prêmios não só reforçam sua autoconfiança, mas também confirmam sua capacidade de enfrentar e superar desafios.
A dança transformou a bailarina não apenas fisicamente, mas também em termos de autoconhecimento e autoestima. “Ela me ensinou a ser disciplinada e a ter autocontrole. A evolução vem junto com a transformação mental e emocional.”
Atualmente, Gomes equilibra sua vida profissional e acadêmica com a dança. “Trabalho no regime CLT e estou fazendo minha segunda graduação. Às vezes, é difícil participar de tudo, mas sempre encontro uma maneira.”
Para aqueles que desejam começar a dançar na vida adulta, a bailarina tem um conselho simples e direto: “Não deixe o medo te paralisar. Encontre uma escola que te acolha e lembre-se de que o esforço vale mais do que o dom. Com dedicação, você alcançará mais do que imagina.”
O futuro de Gomes na dança parece promissor. Ela planeja continuar estudando e competindo, sempre em busca de novos desafios e oportunidades. “A dança será sempre um laço eterno em minha vida. Ela me ensina a ter paciência e a entender que tudo tem um processo.”