Por Gabriel Montenegro, psicólogo e professor
Eu tenho uma informação pra você. No gibi do Cebolinha, tem um personagem que sempre aparece de vez em quando, o Louco. Esse personagem é conhecido por sempre inventar coisas, por situações megalomaníacas e promover loucuras. Uns acreditam que o Louco é um personagem real, que é realmente louco, fugiu de algum hospício e se refugia nas historinhas do Cebolinha e outros consideram que ele é um amigo imaginário do Cebolinha, fruto de sua imaginação fértil e produto da mesma mente dos “planos infalíveis” contra a Mônica. Outra curiosidade sobre esse personagem é que ele é somente amigo do Cebolinha, e somente o chama de “Cenourinha”. Fato é que o Louco existe e é um personagem icônico da Turma da Mônica, ou no caso das histórias do Cebolinha, pois é o único que interage e vê o Louco.
Quero dizer que a loucura pode se tornar sã, hã? Uma loucura sã? Na língua portuguesa isso se chama oxímoro¹. Paulo Freire, afirmou em sua obra que existe uma loucura que é sadia. Qual é essa loucura? Aquela que desafia o óbvio, que faz deixar a comodidade, que brilha os olhos, que faz tomar a decisão quando preciso. Uma frase muito utilizada na internet, diz assim: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. Aquele que faz o que precisa ser feito, mesmo que pareça loucura, muitas vezes é chamado de herói, quando um professor, consegue cativar seus alunos, mesmo com condições de trabalho difíceis, é visto como herói por sua comunidade escolar.
E qual herói pode existir em você, ou qual sã loucura precisa surgir, falar aquilo que precisa ser dito, encarar aquilo que precisa ser encarado, assumir o risco de ser feliz, mesmo que pareça loucura. Se essa sã loucura existe, e está perto de nós, cabe a nós mesmos identificarmos e entender onde ela precisa atuar, seja ela nossa única saída, se somente nós a vimos, ou ela fruto das nossas melhores aventuras, ela está no nosso cotidiano, ela faz bem, que nos diz que pode ser feito, tem que ser feito, e assim será. Uma boa dose de loucura à você.
¹oxímoro: uma contradição de termos, ex: “vejo televisão quase sempre”.