Por: Gabriel Montenegro
É setembro de 2024, e o ano está em seu final. Para alguns, é um “já”; para outros, um “ainda”. Lá se vai/foi o ano; o “ano termina e começa outra vez”. E setembro carrega consigo a ideia de uma prevenção, um tabu muito difícil de ser compreendido, aceito ou dito, daquilo que não é possível “começar outra vez”: a prevenção ao suicídio. De maneira categórica, setembro carrega o amarelo como cor para esse assunto. Amarelo esse que nem eu, que escrevo este texto, e nem você, que o lê, pôde escolher como a melhor cor para o mês, mas aprendemos a conviver com isso. Falar e pensar sobre suicídio dói, incomoda, mas é preciso. E foi preciso. Talvez você tenha ouvido, lido ou até dito: que todos os meses deveriam ser amarelos, e isso é muito real. Pessoas sentem-se mal durante todo o ano, sem dúvidas. Importante lembrar que o suicida não é nem corajoso demais a ponto de fazer algo que ninguém tem coragem, assim como não é covarde demais a ponto de não conseguir lidar com problemas do dia a dia. O suicida é alguém que precisa ser visto, ouvido e assistido. Dos dados alarmantes sobre suicídio, como o número de mortes – mais de 10 mil casos por ano no Brasil, mais de 700 mil no mundo -, um dado vale muito a pena ser entendido: 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados, ou seja, nove a cada dez pessoas que pensam em suicídio podem ser ajudadas!
Amarelo é a segunda cor do sinal de trânsito (sinal, sinaleira, semáforo, farol). Qualquer criança é capaz de responder sobre as cores verde e vermelha. Faça a experiência e pergunte a uma criança sobre as cores do trânsito. Verde, dirá ela, representa seguir em frente; vermelho, por sua vez, é sinal de parar. Agora, pergunte a ela para que serve o AMARELO. Talvez ela dirá que é para acelerar mais porque o sinal vai fechar. Talvez ela diga que é para diminuir a velocidade porque justamente o sinal está fechando. Mas é sempre uma surpresa quando a resposta infantil diz: Amarelo significa ATENÇÃO!
O amarelo de setembro surgiu como ideia de acelerar o processo de quem já sofreu muito com culpa, perda, abandono e sentimentos negativos em buscar ajuda, encontrar um profissional que o ajude com suas questões e promova mudanças positivas e significativas em conjunto com quem sofre. O amarelo de setembro também veio para fazer pensar em diminuir nosso ritmo, rever prioridades, restabelecer vínculos, conectar-nos com maior tranquilidade. Mas, sem dúvidas, o amarelo de setembro precisa representar a atenção. Atenção ao nosso eu, nossas intenções, nossas dores, angústias e sofrimentos. E não somente a nós, mas a quem está perto de nós: atenção a quem sofre em silêncio, que precisa de um sorriso, um abraço, uma mão estendida. Enquanto houver psicologia, garanto que ninguém estará sozinho. Que todos os meses sejam amarelos, mas também que venham os outubros rosas, novembros azuis… e anos coloridos!