Por: Fábio Campos
O BOA NOITE a qual me refiro no título deste artigo só poderia ser uma referência ao apresentador do Jornal Nacional da Rede Globo, Cid Moreira que partiu para o plano superior nesta última quinta-feira 03/10.
Cid Moreira foi um marco absoluto para o telejornalismo, um ícone, numa época em que ainda não existia os canais por assinatura, muito menos a internet e serviços de streaming que eram temas de filmes distopicos, de ficção cientifica
Para se ter uma ideia nas décadas de 70 e 80 o Jornal Nacional alcançava o elevado índice de 80 % de audiência em todo o território nacional, atualmente o máximo de alcance é de 30%. Esta baixa se deve ao surgimento da internet, teve a cabo e serviços de streaming.
Cid Moreira estreou praticamente junto com o JN, em 1969 (auge da ditadura militar) até 1996 sendo recordista como âncora que mais tempo esteve à frente de um mesmo telejornal totalizando 27 anos na frente do telejornal mais poderoso e influente do Brasil.
Felipe um grande amigo meu de infância, um irmão, me dizia na época (anos 80/90) que seu tio assistia o JN todos os dias, se despedia junto com Cid Moreira no sonoro “BOA NOITE” desligava a televisão e ia dormir, para acordar cedinho para labuta do dia a dia.
Assim como o tio do Felipe, milhares de brasileiros faziam o mesmo, era um verdadeiro ritual diário.
Ao lado de Cid na apresentação, na bancada do JN, outro extraordinário âncora apresentava as principais notícias do dia, outro ícone, Sergio Chapelin que depois durante muitos anos ficou a frente do Globo Repórter. Assim como Pelé e Garrincha dupla como está no telejornalismo brasileiro dificilmente aparecerá.
A postura, o timbre, a dicção da voz de Cid Moreira eram perfeitos, inconfundíveis, que migrou do rádio para a televisão. Assim como no rádio naquela época para ser apresentador de um telejornal era necessário ter uma voz mais postada, mais grave a de Cid era perfeita. Nos tempos atuais já não se faz necessário.
Mas Cid não ficou só no telejornal, gravou inúmeros poemas e poesias com sua bela voz, principalmente as do gênio Carlos Drumond de Andrade.
Para a minha geração além do JN nos marcou muito sua icônica gravação do mágico e ilusionista MISTER M que revelava os segredos por trás de truques de mágica e ia ao ar todos os domingos no dominical Fantástico, a locução caiu como uma luva s encaixou perfeitamente no quadro do programa, sua voz ficou tão associada ao misterioso mágico, que ele mesmo entrevistou em 2000.
Mas o que mais me impressiona nos outros trabalhos que ele desempenhou foi a gravação do Novo Testamento da Bíblia na integra, pense comigo caro leitor (a) o tamanho gigantesco do livro sagrado e ele narrou com primazia.
A gravação foi realizada em 2001 e durou quase sete anos. A versão da Bíblia utilizada foi a Nova Versão Internacional (NVI). Os CDs com a leitura de Cid Moreira tiveram um grande sucesso de vendas, chegando a 33 milhões de cópias.
Aos poucos estamos perdendo grandes referências e ícones da comunicação, no mês anterior Silvio Santos faleceu agora Cid Moreira, faz parte da trajetória humana na Terra, mas o legado fica para eternidade e o de CID é imensamente maravilhoso e para todo o sempre.