Por: Lais Gomes
Os acordos comerciais e as taxas de exportação da China estão passando por ajustes significativos em 2024, refletindo a estratégia de desenvolvimento industrial e abertura de mercado do país. A China participa de vários acordos de livre comércio (FTAs) que afetam as taxas de importação e exportação. Em 2024, serão aplicadas tarifas preferenciais em produtos originários de 30 países, com base em acordos como a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), o Acordo de Comércio Livre entre a China e a ASEAN, e outros com países como Austrália, Coreia do Sul, Suíça e Chile. Além disso, novos acordos, como os com Nicarágua e Equador, entram em vigor neste ano. Mais de 95% dos produtos negociados sob alguns desses acordos terão tarifas reduzidas a zero.
Além disso A China ajustou as tarifas de exportação para certos produtos, como o alumínio de alta pureza, e aumentou tarifas de importação para itens como etileno, propileno e certos substratos de cristal líquido, alinhando-se às suas obrigações com a Organização Mundial do Comércio. Por outro lado, foram reduzidas ou eliminadas tarifas de importação para itens essenciais, como medicamentos, materiais críticos para veículos elétricos e produtos agrícolas. Essas medidas visam modernizar a economia chinesa, promovendo indústrias avançadas e fortalecendo as cadeias de suprimento globais e domésticas.
Já os EUA têm uma política comercial diversificada, com acordos e tarifas voltados para o fortalecimento da indústria doméstica, proteção dos trabalhadores e combate a práticas comerciais injustas. Em 2024, a administração Biden continua priorizando uma abordagem que favoreça o crescimento econômico inclusivo e a sustentabilidade.
Os EUA mantêm uma rede de acordos de livre comércio (FTAs) com diversos países, como México e Canadá através do Acordo EUA-MéxicoCanadá (USMCA), que incentiva o comércio sem tarifas para a maioria dos produtos. Além disso, acordos com países como Israel, Coreia do Sul, Austrália e outros ampliam o acesso a mercados globais. Esses acordos facilitam a exportação de produtos agrícolas e industriais, enquanto mecanismos como o Sistema Geral de Preferências (GSP) oferecem isenções de tarifas para importações de países em desenvolvimento.
Recentemente, os EUA têm firmado novos acordos, como a Parceria de Comércio e Investimento com o Quênia e a Iniciativa de Comércio do Século 21 com Taiwan. Estes acordos buscam promover investimentos sustentáveis e inclusão econômica. A estratégia comercial também abrange áreas como direitos trabalhistas e mudanças climáticas, além de fortalecer cadeias de suprimentos
As tarifas de exportação dependem do país e da natureza do produto, mas os EUA têm adotado políticas que visam reduzir barreiras comerciais e combater práticas desleais, como subsídios ilegais e dumping, especialmente com parceiros estratégicos como a China e a União Europeia.
A China já é uma potência comercial global, sendo o maior exportador do mundo e com uma influência crescente em acordos comerciais, especialmente com países em desenvolvimento e emergentes. Contudo, ultrapassar os EUA como a principal potência comercial envolve uma combinação complexa de fatores. Embora a China tenha ampliado suas redes de comércio, como através da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), o domínio completo sobre os EUA depende de mais do que números de exportação.
A China está expandindo sua presença global, especialmente na Ásia, África e América Latina, com investimentos estratégicos e acordos comerciais. O crescimento tecnológico do país também é um fator crucial, com investimentos massivos em áreas como inteligência artificial, veículos elétricos e energia renovável, o que pode lhe dar uma vantagem no comércio de produtos de alto valor agregado. Além disso, a Iniciativa “Belt and Road” está ajudando a construir infraestrutura em dezenas de países, ampliando ainda mais sua influência comercial.
No entanto, a China ainda enfrenta desafios significativos. Embora esteja avançando em muitos setores, ainda depende de tecnologias ocidentais, especialmente em áreas críticas como semicondutores. As tensões geopolíticas com países como os EUA, a União Europeia e a Índia também criam barreiras ao comércio e limitam o acesso a mercados estratégicos. Internamente, a economia chinesa enfrenta pressões, incluindo uma população envelhecida e problemas de sustentabilidade em seu modelo de crescimento, o que pode desacelerar seu progresso.
Por outro lado, os EUA continuam dominando setores essenciais da economia global, como inovação tecnológica, serviços financeiros e segurança alimentar. Além disso, a rede de alianças geopolíticas dos EUA, especialmente com nações desenvolvidas, dá ao país uma vantagem que a China ainda não alcançou completamente.
Portanto, embora a China possa superar os EUA em termos de volume de comércio a longo prazo, as incertezas geopolíticas, dependência tecnológica e desafios internos tornam incerto se ela conseguirá dominar completamente o cenário econômico global. Não se trata apenas de quem exporta mais, mas de quem consegue moldar as regras e as dinâmicas do comércio internacional.