Por: Gabriel Montenegro, professor e psicólogo
Vivemos em uma era marcada por avanços tecnológicos e conectividade constante, mas também por um aumento significativo nos casos de ansiedade, especialmente entre os jovens. Dados recentes revelam que, entre 2014 e 2024, o atendimento a crianças de 10 a 14 anos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou quase 2.500%, e, entre os jovens de 15 a 19 anos, o índice alcançou 3.300%.
Diante desse cenário alarmante, é crucial refletirmos sobre as verdadeiras fontes de nossas preocupações. Muitas vezes, nos deixamos consumir por questões externas — como a busca incessante por status ou a necessidade de estarmos sempre atualizados com as tendências do mundo. No entanto, ao focarmos excessivamente no exterior, corremos o risco de negligenciar o que realmente importa: nossos próprios desafios internos e emocionais.
Pesquisas advindas do Instituto de Psicologia da USP, destacam que, embora a pandemia tenha sido um agravante significativo, os problemas relacionados à saúde mental dos jovens já estavam em ascensão antes do isolamento social. A exposição prolongada a dispositivos eletrônicos e a pressão acadêmica são alguns dos fatores que contribuem para esse aumento.
É fundamental entendermos que o tempo, por si só, não resolve todas as questões. A crença de que “o tempo cura tudo” pode levar à procrastinação na busca por soluções, permitindo que a ansiedade ocupe um espaço ainda maior em nossas vidas. O que realmente faz a diferença é como utilizamos o tempo enquanto ele passa. Enfrentar os problemas de frente, reconhecê-los e trabalhar ativamente em suas soluções no presente é o caminho para aliviar a carga emocional.
Para isso, é necessário um mergulho profundo no autoconhecimento. Pergunte a si mesmo: “O que realmente me preocupa?” Identificar as raízes das inquietações permite direcionar esforços para áreas que demandam atenção imediata. Em vez de buscar validação externa, muletas emocionais ou comparações constantes, devemos focar em nosso bem-estar mental e emocional.
Estratégias práticas podem auxiliar nesse processo:
Estabeleça limites para o uso de dispositivos eletrônicos: Reserve períodos do dia para desconectar e dedicar-se a atividades que promovam relaxamento e interação social presencial.
Pratique atividades físicas regularmente: O exercício libera endorfinas, que ajudam a reduzir os níveis de ansiedade e melhoram o humor.
Busque apoio profissional: A terapia pode fornecer ferramentas valiosas para lidar com as preocupações e desenvolver mecanismos saudáveis de enfrentamento.
Cultive hobbies e interesses offline: Atividades como leitura, pintura ou jardinagem podem servir como válvulas de escape positivas para o estresse diário.
Lembre-se: enquanto o tempo avança, nossas ações no presente determinam a qualidade de nosso futuro emocional, é preciso construir pontes ao invés de muros. Enfrentar as preocupações de maneira proativa é essencial para construir uma vida mais equilibrada e satisfatória.
Fonte dos dados sobre ansiedade: https://itape360.com.br/aumento-de-casos-de-ansiedade-entre-jovens-abre-espaco-para-desafios-e-iniciativas-de-prevencao/