Mais que levar para o palco questões acerca do combate ao racismo e da preservação da infância de crianças negras brasileiras o Núcleo Traços Fortes é comprometido também com a inclusão e pôde comemorar a presença da Comunidade Surda e seus familiares nas primeiras apresentações do espetáculo “Vestígios de Alguém que não pôde falar”.
As apresentações seguem no Teatro do Sesi, nos dias 15, 16 e 17 de novembro, sexta e sábado, às 20h e domingo, às 18h. Lembrando que a classificação indicativa é 14 anos e os ingressos devem ser retirados no MEU SESI.
A acessibilidade em libras está a cargo da Sinalize! Produções Acessíveis, que desenvolveu um movimento de acessibilidade na dimensão comunicacional e atitudinal, por meio da participação de uma intérprete surda desde o início do processo tradutório, envolvendo toda equipe do Núcleo Traços Fortes, que também aprendeu a linguagem dos sinais para acolher a plateia surda com muito respeito e profissionalismo. “Quando um espetáculo é verdadeiramente acessível, com qualidade e compromisso, deixamos de ser capacitistas e nos tornamos agentes potentes da inclusão”, destacou Sara Elisê, fundadora da Sinaliza Produções
O que percebemos ao longo do processo tradutório do espetáculo “Vestígios De Alguém Que Não Pôde Falar” foi um movimento lindo de acessibilidade na dimensão comunicacional, através da participação de uma intérprete surda desde o início do processo tradutório, e atitudinal, com o envolvimento de toda a equipe Traços Fortes aprendendo Libras e acolhendo a plateia surda com muito profissionalismo e respeito. Quando um espetáculo é verdadeiramente acessível, com qualidade e compromisso, deixamos de ser capacitistas e nos tornamos agentes potentes da inclusão.
Para o diretor do espetáculo Lucas Silveiras, o balanço da primeira semana foi especial. “Chegar com o espetáculo em uma nova cidade é sempre empolgante. Me traz a sensação de que nosso discurso está efetivamente atingindo as pessoas. A primeira semana de apresentações foi potente, com um público assíduo que se emocionou e recebeu nossas histórias com respeito e atenção”, comentou.
Sobre o espetáculo
A dramaturgia original é escrita por João Paulo Santos e Lucas Silveiras, atores, diretores de teatro e dramaturgos do Núcleo Traços Fortes. A história tem como inspiração os contos “Olhos D’água” e “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos” de Conceição Evaristo, além de trabalhar com fragmentos de fatos reais, principalmente, a morte de Marcos Vinícius, jovem negro de 14 anos atingido por policiais no Complexo da Maré, enquanto estava a caminho da escola. “O número de casos de crianças e jovens negros mortos durante operações policiais é alarmante e, o espetáculo Vestígios de alguém que não pôde falar nasce com o objetivo de evidenciar as pautas e lutas em prol da infância negra no Brasil. Trata-se de um movimento de encontro com esperança, de uma nação em que crianças negras sejam ouvidas e respeitadas”, destaca o diretor Lucas Silveiras.
“De que cor eram os olhos de minha filha?” .
Durante toda a apresentação, o público se depara com a pergunta latente e repetitiva que acompanha a caminhada da personagem ‘Mãe’ em busca por justiça pela morte de sua menina. Lembrar a cor dos olhos de alguém é eternizar na memória a história de quem amamos. O espetáculo é um convite para a reflexão sobre o luto que a violência urbana leva para muitas famílias, especialmente, as famílias negras. Como também uma homenagem a tantas mães que perderam seus filhos e seguem lutando com amor e força.
Ficha Técnica
Direção: Lucas Silveiras
Elenco: John Brenner e Letícia Delgado
Dramaturgia: João Paulo Santos e Lucas Silveiras
Criação de cenografia: John Brenner, Letícia Delgado e Lucas Silveiras
Criação de figurinos: Bárbara Rocha
Criação de trilha original: Izzy Castro (Twin Pumpkin)
Criação de iluminação: João Paulo Santos
Direção de produção: Lucas Silveiras
Assistente de produção: Julia Borges
Operadores: Jonas Albuquerque e João Paulo Santos
Captação e edição de fotos e vídeos: MZ Fotos
Designer gráfico e social media: Kaksi Studio
Acessibilidade em libras: Sinalize! Produções Acessíveis
Assessoria de imprensa: Oficina da Comunicação/ Maura Lídia do Vale
Produção original: SESI-SP
Sobre o Núcleo Traços Fortes
O Núcleo Traços Fortes foi fundado no ano de 2018 por atores e atrizes, educadores e pesquisadores pretos; e tem como objetivo dar espaços, criar oportunidades e instaurar o protagonismo preto em obras e experimentos teatrais. O grupo é constituído por jovens atores independentes da região metropolitana do Vale do Paraíba, que se formaram na E.M.A Maestro Fêgo Camargo (Taubaté/SP). Após a passagem pela escola de artes, as atrizes e os atores sentiram a necessidade de construir um espaço que possibilitasse um resgate de histórias e narrativas teatrais que contemplem seus corpos pretos. O Núcleo busca encontrar meios de operar dentro de uma sociedade racista, implantando atividades e movimentações artísticas/experimentais como possíveis soluções sociais. Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho do Núcleo Traços Fortes. Acesse: instagram.com/nucleotracosfortes